segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

LA BRUYÈRE (8)



La Bruyère


Da Sociedade e da Conversa




32. “Nem sempre a boa educação inspira a bondade, a eqüidade, a condescendência, a gratidão; mas toma ao menos esse aspecto e apresenta o homem no seu exterior como deveria ser em seu íntimo.

Pode-se definir a essência da boa educação, mas não se pode fixar sua prática: segue o uso e costumes transmitidos; está ligada ao tempo, aos lugares, às pessoas, e não é igual para os dois sexos, mesmo em condições diversas.
A inteligência, só por si, não a cria: leva-nos apenas a copiar e a aperfeiçoar seus ditames.
Há pessoas que nascem para ser bem educadas; há outras cuja superioridade se reflete em seu grande talento ou em sua sólida virtude.
É verdade que as boas maneiras realçam o valor, tornando-o agradável; e que são necessárias qualidades eminentes para ser tolerado sem boas maneiras.

Parece-me que o espírito da boa educação é certo cuidado para que, por nossas palavras e maneiras, os outros se sintam contentes consigo mesmos e conosco”.





LA BRUYÈRE, Jean De. Caracteres. Tradução de Antonio Geraldo da Silva. São Paulo: Escala, s/data.

Um comentário:

claras disse...

se ao menos houvesse praticantes...