terça-feira, 11 de março de 2008

AUGUSTO FREDERICO SCHIMIDT (4)



Poema
(Augusto Frederico Schmidt)





Não morrer – mas ser colhido pela morte.
Ser colhido, porque maduro, para o silêncio.
Não morrer – mas pender para a morte,
Como as frutas que, tocadas pelo tempo,
Se inclinam para o úmido chão.

Não morrer – mas estar com a morte ampla e serena
Nos olhos, no coração e no corpo e na alma.
Estar para o Fim, maduro como as amoras de vez,
Como as amoras da montanha.

Sentir em si a harmonia dos últimos passos
E o consolo dos olhares que não querem mais ver.
Ser levado pelas mãos da morte,
E estar com a morte em si, como esperança, como única esperança.






SCHMIDT, Augusto Frederico. Antologia Poética. Seleção de Waldir Ribeiro do Val. Introdução de Bernardo Gersen. Rio de Janeiro: Leitura, 1962.

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Augusto_Frederico_Schmidt

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