sábado, 8 de março de 2008

STENDHAL (4)



STENDHAL
Em
Do Amor


Primeiro Ensaio de Prefácio

(trechos)



“Apesar de muitos cuidados para ser claro e lúcido, não posso fazer milagres; não posso dar ouvidos aos surdos nem olhos aos cegos.
Por isso, as criaturas ricas e dadas aos prazeres grosseiros, que ganharam cem mil francos no ano que precedeu o momento de abrirem este livro, devem bem depressa fechá-lo, sobretudo se são banqueiros, donos de fábricas, respeitáveis industriais, isto é, pessoas de idéias eminentemente positivas.

Este livro será menos incompreensível para quem tiver ganhado muito dinheiro na Bolsa ou na loteria.
Um tal lucro pode existir ao lado do hábito de gozar da emoção que proporciona um quadro de Prud’hon, uma frase de Mozart, ou certo olhar diferente de uma mulher na qual se pensa com freqüência”.



“Peço que só abra este livro quem tenha sido infeliz por causas imaginárias estranhas à vaidade, das quais se envergonharia profundamente se fossem divulgadas nos salões”.



“Todo este prefácio é feito para anunciar que este livro tem a infelicidade de só poder ser compreendido por pessoas que têm lazeres para fazer loucuras”.





STENDHAL Do Amor (Trechos Escolhidos). Seleção, Tradução e Prefácio de Wilson Lousada. Rio de Janeiro: José Olympio, 1958.

Sobre o autor:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Stendhal

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