quarta-feira, 12 de março de 2008

SAFO



A ÁTIS
(Safo)



Não minto: eu me queria morta.
Deixava-me, desfeita em lágrimas:

“Mas, ah, que triste a nossa sina!
Eu vou contra a vontade, juro,
Safo”. “Seja feliz”, eu disse.

,"E lembre-se de quanto a quero.
Ou já esqueceu? Pois vou lembrar-lhe
Os nossos momentos de amor.

Quantas grinaldas, no seu colo,
- Rosas, violetas, açafrão –
Trançamos juntas! Multiflores.

Colares atei para o tenro
Pescoço de Átis; os perfumes
Nos cabelos os óleos raros

Da sua pele em minha pele!
[...]
Cama macia, o amor nascia
De sua beleza, e eu matava
A sua sede” [...]

Cai a lua, caem as plêiades e
É meia-noite, o tempo passa e
Eu só, aqui deitada, desejante.

— Adolescência, adolescência,
Você se vai, aonde vai?
— Não volto mais para você,
Para você volto mais não.





PIGNATARI, Décio (org., trad. & notas). 31 poetas, 214 poemas; do Rig-Veda e Safo a Apollinaire. São Paulo : Companhia das Letras, 1996.

Sobre a autora:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Safo

2 comentários:

Sei que existes disse...

É uma pena algumas coisas da adolescência não ficarem para sempre!...
Beijo grande

Alessandra Espínola disse...

Maravilha! A gente não se SAFA da ida adolescência nem de suas camas macias... que belo , ai como eu adorei esses versos!
Adorei o novo visual...
Beijo grande, super grata e encantada pela sua sensibilidade, sempre!