quinta-feira, 6 de março de 2008

CARNAP



CARNAP
Em
A realidade do mundo exterior




“Dois geógrafos, um realista e um idealista, que são enviados com o fim de verificar se uma montanha que se supõe existir em algum lugar na África é somente lendária ou realmente existe, chegarão ao mesmo resultado (positivo ou negativo)”.


“Há desacordo entre os dois cientistas somente quando eles não mais falam como geógrafos mas como filósofos, quando apresentam uma interpretação filosófica dos resultados empíricos com os quais eles concordam.
Então diz o realista: “esta montanha que nós dois descobrimos, não só tem as propriedades geográficas afirmadas, mas é também, além disso, real”; e diz o “fenomenalista” (uma subvariedade do realismo): “a montanha que descobri funda-se em algo real que não podemos conhecer em si mesmo”; o idealista por outro lado diz: “ao contrário, a montanha em si não é real, somente nossas (ou no caso da linha solipista do idealismo: “somente minhas”) percepções e processos conscientes são reais”.


Esta divergência entre os dois cientistas não ocorre no domínio empírico, pois há uma unanimidade completa no que diz respeito aos fatos empíricos.
Estas duas teses que se acham aqui em oposição entre si transcendem a experiência e não possuem nenhum conteúdo factual.
Nenhum dos opositores sugere que sua tese seja testada por algum experimento conjunto e decisivo, nem qualquer um deles dá uma indicação do desígnio de um experimento no qual se pudesse fundamentar sua tese”.

“Isto não significa que as duas teses são falsas; ao contrário, elas não possuem qualquer significado, de tal forma que nem mesmo se pode colocar a questão de sua verdade ou falsidade”.




CARNAP, R. “Pseudoproblemas na Filosofia”. In. Schlick e Carnap. Seleção de Paulo Rubén Mariconda. Traduções de Luís João Baraúnas e Pablo Rubén Mariconda. São Paulo: Editora Abril, 1980. (Os Pensadores)

Sobre o autor:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Rudolf_Carnap

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