sexta-feira, 25 de abril de 2008
ARISTÓFANES
ARISTÓFANES
Em
As Nuvens
Personagens do trecho:
Estrepsíades, rico lavrador endividado.
Fidípides, jovem dissipador e estróina, filho de Estrepsíades.
Recomposição do cenário:
No fundo da Orquestra duas casas: à direita, a de Estrepsíades, com dois leitos; à esquerda, a de Sócrates, o Pensatório, com uma porta baixa e estreita fechada.
TRECHO
Estrepsíades – Muda o mais rapidamente possível de vida e vai aprender o que vou aconselhar.
Fidípedes – Dize lá, o que mandas?
Estrepsíades – E me obedecerás?
Fidípedes – Obedecerei, por Dioniso.
Estrepsíades – Olha então para ali. Vês esta portinha e esta casinha?
Fidípedes – Vejo. Que é isso afinal, pai?
Estrepsíades – Este é o Pensatório das almas sábias.
Habitam-na homens que falando sobre o céu, nos convencem ser ele um forno colocado em torno de nós e nós as suas brasas.
Ensinam, mediante pagamento, a triunfar as causas justas e injustas.
Fidípedes – Quem são?
Estrepsíades – Não sei exatamente o seu nome: são “pensadores-inquiridores”, gente honesta.
Fidípedes – Ora! Charlatães, eu sei. Falas desses impostores, de faces pálidas e descalços, de que fazem parte Sócrates e Querofonte.
Estrepsíades – Psiu ! Cala-te. Estás dizendo besteira. Mas, se te preocupas com o pão de teu pai, torna-te um deles e deixa de cavalgar.
Fidípedes – Não, por Dioniso, mesmo que me desses os faisões criados por Leógoras.
Estrepsíades – Vai, eu te suplico, ó mais querido dos seres, vai aprender.
Fidípede – Vou aprender o quê?
Estrepsíades – Dizem que eles possuem dois argumentos, um, realmente forte, e o fraco.
Um destes dois argumentos, o fraco, vence nas disputas as causas injustas.
Se me aprenderes esse argumento injusto, não teria que pagar a ninguém um só óbulo das dívidas que fiz por tua causa.
ARISTÓFANES. As Nuvens. Tradução do grego por Junito de Souza Brandão. Rio de Janeiro: Grifo, 1976.
Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Arist%C3%B3fanes
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