quinta-feira, 4 de setembro de 2008
KAFKA (2)
Franz Kafka
Em
DAS PARÁBOLAS
“Muitos se queixam de que as palavras dos sábios percam-se em parábolas, sem emprego na vida cotidiana – afinal a única que nos é dada.
Quando o Sábio diz “Atravessai” – não quer dizer que a gente deva realmente passar para o outro lado, o que, aliás, poder-se-ia fazer quando valesse à pena a travessia; ele quer referir-se a um outro lado lendário, algo que não nos é dado conhecer, que mesmo para ele não é fácil pormenorizar e que para nós aqui de nada serve.
Todas essas parábolas em verdade querem dizer que não se pode conceber o inconcebível: isso é o que temos aprendido...
Aquilo com que todos os dias nos temos de preocupar, todavia, são outras coisas”.
“A propósito falou alguém: – “Por que relutais? Se houvésseis por bem seguir as parábolas, acabaríeis vós próprios integrados nelas e assim libertos das preocupações cotidianas!”
Outro replicou: – “Aposto que isso é uma parábola também!”.
Disse o primeiro: – “Ganhaste”.
E o segundo: – “Só por parábola, infelizmente...”.
Disse o primeiro: – “Não, na realidade; por parábola, perdeste”.
KAFKA, Franz. Parábolas e Fragmentos. Tradução e Introdução de Geir Campos. Ilustrações: POTY. Rio de Janeiro: Tecnoprint, 1967.
Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Franz_Kafka
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Um comentário:
Olá,
Muito prazer! Meu nome é Áurea e gostaria de entender melhor qual a mensagem de Kafka.
Ganhou em um nível, mas perdeu na essencia?
Realmente, gostaria que alguém me ajudasse a entender...
abraço
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