segunda-feira, 3 de setembro de 2007

CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE (3)

SER
(Carlos Drummond de Andrade)



O filho que não fiz
hoje seria homem
ele corre na brisa,
sem carne, sem nome.

Às vezes o encontro
num encontro de nuvem.
Apóia em meu ombro
seu ombro nenhum.

Interrogo meu filho,
objeto de ar:
em que gruta ou concha
quedas abstrato?

Lá onde eu jazia,
responde-me o hálito,
não me percebeste,
contudo chamava-te
como ainda te chamo
(além, além do amor)
onde nada, tudo
aspira a criar-se.

O filho que não fiz
faz-se por si mesmo.






ANDRADE, Carlos Drummond de. Antologia Poética. Organizada pelo autor. 16a. edição. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1983.

2 comentários:

un dress disse...

num constante renovar...:)





beijO

un dress disse...

belo poema!!