SER
(Carlos Drummond de Andrade)
O filho que não fiz
hoje seria homem
ele corre na brisa,
sem carne, sem nome.
Às vezes o encontro
num encontro de nuvem.
Apóia em meu ombro
seu ombro nenhum.
Interrogo meu filho,
objeto de ar:
em que gruta ou concha
quedas abstrato?
Lá onde eu jazia,
responde-me o hálito,
não me percebeste,
contudo chamava-te
como ainda te chamo
(além, além do amor)
onde nada, tudo
aspira a criar-se.
O filho que não fiz
faz-se por si mesmo.
ANDRADE, Carlos Drummond de. Antologia Poética. Organizada pelo autor. 16a. edição. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1983.
segunda-feira, 3 de setembro de 2007
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2 comentários:
num constante renovar...:)
beijO
belo poema!!
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