Voltaire
Em Dicionário Filosófico
AMOR
(trechos)
“Quereis ter uma idéia do amor? Vede os pardais do vosso jardim. Vede vossos pombos. Contemplai o touro que levam à novilha. Admirai aquele soberbo cavalo que dois de vossos camaradas conduzem à égua que passiva o espera e arreda a cauda para recebê-lo. Observai como seus olhos clamam. Ouvi seus relinchos. Admirai aqueles saltos, aquelas curvetas, aquelas orelhas em pé, aquela boca que se abre com ligeiras convulsões, aquelas narinas arfantes bafejando inflamadamente, aquelas crinas que se empinam e esvoaçam, o movimento imperioso com que se lança sobre o objeto que lhe destinou a natureza”.
“Mas não os invejeis. Pensai nas vantagens da espécie humana. Que contrabalança força, beleza, ligeireza, impetuosidade – todos os predicados de que a natureza dotou os irracionais”.
“A maioria dos animais que se acasalam não experimentam prazer mais que por um único sentido. Satisfeito o apetite está tudo acabado. Nenhum animal senão vós conhece os afagos. Todo o vosso corpo é sensível. Vossos lábios especialmente experimentam uma volúpia inexaurível – prazer exclusivo da vossa espécie. Enfim podeis amar em qualquer tempo, enquanto os animais só podem em épocas determinadas”.
VOLTAIRE Dicionário Filosófico. Tradução de Líbero Rangel de Tarso. Rio de Janeiro: Edições de Ouro, s/data.
Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Voltaire
quinta-feira, 13 de setembro de 2007
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2 comentários:
O conceito sobre o amor visto através de uma faceta muito generalista,são variadas as formas como os animais interpretam o acasalamento.
Bjs Zita
Ah, como amo ser ser humano.
Beijos, James!
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