quarta-feira, 16 de abril de 2008
PABLO NERUDA (7)
Soneto LXIX
(Pablo Neruda)
Talvez não ser é ser sem que tu sejas,
sem que vás cortando o meio-dia
como uma flor azul, sem que caminhes
mais tarde pela névoa e os ladrilhos,
sem essa luz que levas na mão
que talvez outros não verão dourada,
que talvez ninguém soube que crescia
como a origem rubra da rosa,
sem que sejas, enfim, sem que viesses
brusca, incitante, conhecer minha vida,
aragem de roseira, trigo do vento,
e desde então sou porque tu és,
e desde então és, sou e somos
e por amor serei, serás, seremos.
NERUDA, Pablo. Cem Sonetos de Amor. Tradução de Carlos Nejar. Porto Alegre: L&PM, 1987.
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3 comentários:
Neruda, sempre Neruda!
:) lindo!!
duma pureza quase candura!...
James,
é ler e se emocionar.
Obrigada.
Vivina.
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