sexta-feira, 4 de julho de 2008

ISÓCRATES



ISÓCRATES
Em
A Nicoclés






“Muitas coisas contribuem para a educação dos simples particulares, em primeiro lugar, uma vida isenta de moleza e sensualidade e a obrigação de prover às necessidades cotidianas; em segundo lugar, as leis que a todos nos governam, a liberdade que têm os amigos de dirigirem reparos e os inimigos de acusarem pelas suas respectivas faltas; por fim, os preceitos relativos à condução da vida, deixado por alguns dos antigos poetas: coisas essas em que os particulares encontram naturalmente meios de aprimorar-se.


Já os reis não contam com os mesmos recursos, eles que, mais do que os outros homens, precisariam de aviso, vêem-se privados desses tão logo sentam no trono.


A maioria dos homens fica distante deles; os que deles privam só se aproximam para lisonjeá-los; e, transformados em donos das mais fartas riquezas e árbitros dos maiores interesses, fazem tão mau uso desses meios de poder que muitos se perguntam se não se deve preferir, à existência dos reis, uma condição vulgar e uma vida ilibada.


Sem dúvida, atentando somente para as honras, as riquezas, a autoridade, todos os homens julgam iguais a deuses aqueles que foram investidos da potência soberana; quando, entretanto, considerar-mos os seus receios, os perigos que correm e, lembrando o passado, os vemos ora sendo atacados por quem menos deveria ameaçar a sua vida, ora obrigados a punir seus entes mais amados, ora condenados a ambas as desgraças, somos levados a pensar que a mais modesta existência é preferível ao domínio de toda a Ásia, acompanhado de tamanhas calamidades”.







ISÓCRATES. A Nicoclés. Tradução do francês de Jean – François Cleaver. In. Isócrates – et al – Conselhos aos governantes. Brasília: Senado Federal, 1998.
Disponível em:

http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/sf000031.pdf

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Is%C3%B3crates

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