quinta-feira, 24 de julho de 2008

VICTOR HUGO



Victor Hugo
Em
O Último dia de um condenado à morte






“O que podem alegar a favor da pena de morte?”


“Os que julgam e condenam dizem a pena de morte necessária.
Em primeiro lugar, porque é importante eliminar da comunidade social um membro que já prejudicou e que poderia prejudicá-la outra vez.
Se se tratasse apenas disso, a prisão perpétua seria suficiente.
Para que a morte?
Retrucam que se pode escapar de uma prisão?
Melhorem as rondas!
Se não têm confiança na solidez das grades, como ousam manter feras em cativeiro?

Nada de carrasco onde basta o carcereiro.

Mas, objetam eles – é preciso que a sociedade se vingue, que a sociedade puna.
– Nem uma coisa nem outra.
A vingança cabe ao indivíduo, a punição a Deus.

A sociedade está entre os dois.
O castigo está acima dela, a vingança abaixo.
Nada tão grande nem tão pequeno lhe convém.
Não deve “punir para vingar-se”; deve corrigir para melhorar”.


“– Tem que haver exemplos!
Tem que apavorar pelo espetáculo da sorte reservada aos criminosos aqueles que poderiam cair na tentação de imitá-los!

Esta é quase textualmente a eterna frase cujas variações mais ou menos sonoras ouvimos em todos os requisitórios dos quinhentos tribunais da França!
Pois bem!
Primeiro, negamos que haja exemplo.
Negamos que o espetáculo dos suplícios produza o efeito esperado.
Longe de edificar o povo, desmoraliza-o e arruína nele qualquer sensibilidade, portanto qualquer virtude”.





HUGO, Victor-Marie. O Último dia de um condenado à morte. Tradução de Annie Paulette Maria Cambe. Rio de Janeiro: Newton Compton Brasil, s/data.

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Victor_Hugo

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