terça-feira, 1 de julho de 2008
THEODOR ADORNO (2)
Theodor Adorno
Em
Mínima Moralia
“O que mais tememos sem verdadeira razão, aparentemente possuídos de uma idéia fixa, tem a insolente tendência a acontecer.
A pergunta, que por nenhum preço gastaríamos de ouvir, um subalterno vem fazê-la com um interesse perfidamente amistoso; a pessoa que se deseja com tanta ansiedade manter distante da mulher amada virá certamente convidá-la, ainda que a três mil milhas de distância, graças a bem intencionadas recomendações, e suscitará aquela espécie de familiaridade de onde ameaça o perigo.
É difícil dizer até que ponto a gente mesmo não promove esses horrores; se a gente, através de um silêncio por demais cuidadoso, não põe aquela pergunta na boca de um interlocutor maldoso; se a gente não acaba provocando aquele contacto fatal, pedindo ao mediador com uma confiança tola e destrutiva que deixe de mediar.
A psicologia sabe que quem fica imaginando desgraças de algum modo as está querendo.
Mas por que vêm elas tão prontamente a seu encontro?
Há na realidade algo que responde à fantasia paranóica e que esta deforma.
O sadismo latente em cada um adivinha infalivelmente a fraqueza latente de cada um”.
ADORNO, Theodor. Mínima Moralia. Reflexões a partir da vida danificada. Tradução: Luiz Eduardo Bicca. Revisão da tradução: Guido de Almeida. São Paulo: Editora Ática, 1992.
Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Theodor_Adorno
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