terça-feira, 21 de julho de 2009

FRANCISCO MANUEL DE MELO



APOLOGO DA MORTE
(Francisco Manuel de Melo)





Vi eu um dia a Morte andar folgando
Por um campo de vivos, que a não viam.
Os velhos, sem saber o que faziam,
A cada passo nela iam topando.

Na mocidade os moços confiando,
Ignorantes da morte, a não temiam.
Todos cegos, nenhuns se lhes desviam;
Ela a todos co dedo os vai contando.

Então, quis disparar, e os olhos cerra;
Tirou, e errou! Eu, vendo seus empregos
Tão sem ordem, bradei! Tem-te homicida!

Voltou-se, e respondeu: Tal vai de guerra!
Se vós todos andais comigo cegos,
Que esperais que convosco ande advertida?








MOISÉS, Massaud. A Literatura Portuguesa – através dos textos. 5ª. Ed. São Paulo: Editora Cultrix, 1972.

Sobre Francisco Manuel de Melo clique no linque abaixo:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Francisco_Manuel_de_Melo

Um comentário:

Lord Broken Pottery disse...

Passei pra matar a saudade.
Grande abraço