quinta-feira, 9 de julho de 2009

SCHELLING (2)



Schelling
Em
Sobre o dogmatismo e o criticismo.






“Se o espetáculo da luta destina-se a expor o homem no momento supremo de sua potência autônoma, a calma intuição daquele repouso o encontra, inversamente, no momento supremo da vida.
Ele se abandona ao mundo juvenil, apenas para saciar, em geral, sua sede de vida e de existir.
Existir, existir! Clama-lhe esta; ele prefere precipitar-se nos braços do mundo a tombar nos braços da morte.

Assim sendo, se considerarmos a idéia de um Deus moral por este lado (pelo lado estético), nosso juízo quanto a ela não se faz esperar.
Ao admiti-la, perdemos, ao mesmo tempo, o princípio próprio da estética.

Pois o pensamento de fazer frente ao mundo nada mais tem de grandioso para mim, se coloco entre ele e mim um ser superior, se é preciso um guardião do mundo para mantê-lo em seus limites.

Quanto mais afastado de mim está o mundo, quanto mais intermediários eu coloco entre ele e mim, tanto mais limitada é minha intuição dele, tanto mais impossível aquele abandono ao mundo, aquela aproximação mútua, aquele sucumbir em luta de ambos os lados (o princípio próprio da beleza).

A verdadeira arte, ou antes, o thelon, o que é divino na arte, é um princípio interior que forma a sua matéria de dentro para fora e reage com violência a todo mecanismo tosco, a toda acumulação sem regra de matéria vinda de fora.

Perdemos esse principio interior quando perdemos a intuição intelectual do mundo, que surge pela unificação instantânea dos dois princípios conflitantes em nós, e que está perdida desde o momento em que não pode mais haver em nós nem luta nem identificação”.









SCHELLING, Friedrich Wilheim Joseph von. Obras escolhidas. Seleção, tradução e notas de Rubens Rodrigues Torres Filho. São Paulo: Abril Cultural, 1979. (Os pensadores)

Sobre Schelling clique no linque abaixo:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Friedrich_Wilhelm_Joseph_von_Schelling

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