quinta-feira, 15 de julho de 2010

ÁLVARES DE AZEVEDO (4)



MEU DESEJO
(Álvares de Azevedo)





Meu desejo? Era ser a luva branca
Que essa tua gentil mãozinha aperta:
A camélia que murcha no teu seio
O anjo que por te ver do céu deserta...

Meu desejo? Era ser o sapatinho
Que teu mimoso pé no baile encerra...
A esperança que sonhas no futuro,
As saudades que tens aqui na terra...

Meu desejo? Era ser o cortinado
Que não conta os mistérios de teu leito;
Era de teu colar de negra seda
Ser a cruz com que dormes sobre o peito.

Meu desejo? Era ser o teu espelho
Que mais bela te vê quando deslaças
Do baile as roupas de escumilha e flores
E mira-te amoroso as nuas graças!

Meu desejo? Era ser desse teu leito
De cambraia o lençol, o travesseiro
Com que velas o seio, onde repousas,
Solto o cabelo, o rosto feiticeiro...

Meu desejo? Era ser a voz da terra
Que da estrela do céu ouvisse amor!
Ser o amante que sonhas, que desejas
Nas cismas encantadas de langor!







AZEVEDO, Álvares de. Obras de Manuel Antonio Álvares de Azevedo precedidas de um discurso biográfico e acompanhadas de notas pelo Sr. Dr. Jacy Monteiro. Tomo terceiro. Rio de Janeiro: Livraria de B. L. Garnier, 1862. Disponível em: http://books.google.com.br/books?id=ST4OAAAAIAAJ&printsec=frontcover&dq=vai%20cora%C3%A7%C3%A3o%20se%20mais%20sensato%20busca%20outro%20cora%C3%A7%C3%A3o&source=gbs_slider_thumb#v=onepage&q&f=false


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