sexta-feira, 23 de julho de 2010

RUY BARBOSA (2)

Ruy Barbosa
Em
Oração aos moços.




“Embora o realismo dos adágios teime no contrário, tolerem-me o arrojo de afrontar uma vez a sabedoria dos provérbios.

Eu me abalanço a lhes dizer e redizer de não.

Não é certo, como corre o mundo, ou, pelo menos, muitas e muitíssimas vezes, não é verdade, como se espalha fama, que “longe da vista, longe do coração”.




“Não, filhos meus (deixai-me experimentar, uma vez que seja, convosco, este suavíssimo nome); não: o coração não é tão frívolo, tão exterior, tão carnal, quanto se cuida.

Há, nele, mais que um assombro fisiológico, um prodígio moral.

É o órgão da fé, o órgão da esperança, o órgão do ideal.

Vê, por isso, com os olhos d’alma, o que não vêem os do corpo.

Vê ao longe, vê em ausência, vê no invisível, e até no infinito vê.

Onde para o cérebro de ver, outorgou-lhe o Senhor que ainda veja; e não se sabe até onde.

Até onde chegam as vibrações do sentimento, até onde se perdem os surtos da poesia, até onde se somem os vôos da crença: até Deus mesmo, inviso como os panoramas íntimos do coração, mas presente ao céu e à terra, a todos nós presente, enquanto nos palpite, incorrupto, no seio, o músculo da vida e da nobreza e da bondade humana”.






BARBOSA, Ruy. Oração aos moços. Organização de Marcelo Módolo. Introdução de Paulo Luso. São Paulo: Hedra, 2009. Disponível em: http://books.google.com.br/books?id=4SXbdpSart8C&printsec=frontcover&dq=Direito&lr=&as_brr=1&cd=14#v=onepage&q=Direito&f=false


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