quarta-feira, 21 de julho de 2010

ARCIPRESTE DE HITA



Aqui diz como por natureza os homens e os outros animais querem ter companhia com as fêmeas.
(Arcipreste de Hita)

[Tradução: Fábio Aristimunho Vargas]





Como diz Aristóteles, é coisa verdadeira,
o mundo por duas coisas trabalha: a primeira,
para que haja mantença; a outra coisa era
pra que haja ajuntamento com fêmea prazenteira.

Se o dissesse por mim, seria de culpar;
di-lo o grande filósofo, não sou eu a reptar;
do que nos diz o sábio não vamos duvidar,
que por obra se prova o sábio e seu falar.

Que diz verdade o sábio claramente se prova:
homens, animais, aves, toda besta de cova,
querem, por natureza, companha sempre nova,
e quanto mais o homem que a tudo que se mova,

Digo muito mais o homem que toda criatura;
todas em tempo certo se juntam, com natura;
o homem de mau senso o tempo todo, sem mesura,
sempre que pode quer fazer esta loucura.

O fogo sempre quer que esteja pela cinza,
como quer que mais arda quanto mais se atiça;
o homem quando peca bem se vê que desliza,
mas não se desfaz disso pois a natura o eriça.

E eu, como sou homem como outros, pecador,
já tive das mulheres às vezes grande amor;
provar o homem as coisas não é por isso pior,
e saber bem e mal, e usar o melhor.







VARGAS, Fábio Aristimunho (Org.). Poesia Espanhola – Das Origens a Guerra Civil. São Paulo: Hedra, 2009. Disponível em: http://books.google.com.br/books?id=0WOllqcU8QsC&pg=PA4&dq=Cole%C3%A7%C3%B5es+liter%C3%A1rias&lr=&as_brr=1&cd=13#v=onepage&q&f=false


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