sexta-feira, 7 de novembro de 2008
KAFKA (3)
Franz Kafka
Em
A Questão das Leis
“Nossas leis em geral não são conhecidas: constituem um segredo da pequena aristocracia que nos governa”.
“Estamos certos de que essas velhas leis são fielmente observadas, mas de qualquer modo é uma coisa extremamente desagradável a gente ser governada por leis que não conhece.
Não quero com isso referir-me às diferentes maneiras pelas quais pode ser feita a interpretação dos códigos, nem às desvantagens implícitas no fato de apenas uma minoria e não todo o povo ter direito de voz na respectiva interpretação; essas desvantagens talvez não sejam tão grandes.
Pois que as leis são muito antigas, a sua interpretação tem sofrido o rigor dos séculos e naturalmente adquiriu também força de lei; embora ainda seja possível certa liberdade ao interpretá-las, essa liberdade resulta muito limitada.
Mesmo porque os aristocratas não têm nenhuma razão plausível para se deixarem influenciar, na interpretação, por interesses pessoais contrários aos nossos – visto que as leis já foram feitas em favor dos aristocratas, desde o princípio, e eles próprios estão acima das leis, sendo possivelmente esta a razão pela qual têm a lei exclusivamente em suas mãos.
Decerto vai sabedoria nisso (quem poria em dúvida a sabedoria das vetustas leis?), mas também vai para conosco certa dureza, provavelmente inevitável”.
KAFKA, Franz. Parábolas e Fragmentos. Tradução e Introdução de Geir Campos. Ilustrações: POTY. Rio de Janeiro: Tecnoprint, 1967.
Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Franz_Kafka
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2 comentários:
oi James,
brigada pela visita - e pela sujestão - lá nos meus rabiscos...
abraços
karla.
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