quinta-feira, 27 de novembro de 2008

OLAVO BILAC (2)



A Avó
(Olavo Bilac)






A avó, que tem oitenta anos,
Está tão fraca e velhinha...
Teve tantos desenganos!
Ficou branquinha, branquinha,
Com os desgostos humanos.

Hoje, na sua cadeira,
Repousa, pálida e fria,
Depois de tanta canseira:
E cochila todo o dia,
E cochila a noite inteira.

Às vezes, porém, o bando
Dos netos invade a sala...
Entram rindo e papagueando:
Este briga, aquele fala,
Aquela dança, pulando...

A velha acorda sorrindo,
E a alegria a transfigura;
Seu rosto fica mais lindo,
Vendo tanta travessura,
E tanto barulho ouvindo.

Chama os netos adorados,
Beija-os, e, tremulamente,
Passa os dedos engelhados,
Lentamente, lentamente,
Por seus cabelos dourados.

Fica mais moça, e palpita,
E recupera a memória,
Quando um dos netinhos grita:
“Oh vovó! Conte uma história!
Conte uma história bonita!”

Então, com frases pausadas,
Conta histórias de quimeras,
Em que há palácios de fadas,
E feiticeiras, e feras,
E princesas encantadas...

E os netinhos estremecem,
Os contos acompanhando,
E as travessuras esquecem,
– Até que, a fonte inclinando
Sobre seu colo, adormecem...







WERNECK, Eugênio. Antologia Brasileira: Coletânea Em Prosa E Verso de Escritores Nacionais. 22ª. Ed. Rio de Janeiro: Livraria Francisco Alves, 1942.
Disponível em:

http://books.google.com.br/books?id=z7lVAAAAMAAJ&printsec=titlepage&source=gbs_summary_r&cad=0

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Olavo_Bilac

2 comentários:

conduarte disse...

lindo o seu blog, depois volto com mais tempo, te respondi lá no meu tb. Obrigada, CON DUARTE.

Apareça
mais vezes, foi um grande prazer.

Carol Rocha disse...

Ansiosa pelo presente!! Êba!!!