quarta-feira, 12 de maio de 2010

MANUEL DA COSTA (2)



Anônimo (atribuído a Manuel da Costa)
Em
A Arte de Furtar.




“E digo que este mundo é um covil de ladrões, porque, se bem o considerar-mos, não há nele coisa viva que não viva de rapinas; os animais, aves e peixes, comendo-se uns aos outros se sustentam; e se alguns há que não se mantenham doutros viventes, tomam seu pasto dos frutos alheios que não cultivaram, com que vem a ser tudo uma pura ladroeira.

Tanto que até nas árvores há ladrões, e os elementos se comem e gastam entre si, diminuindo-se por partes, para acrescentar cada qual as suas.

Assim se portam as criaturas irracionais e insensíveis e as racionais ainda pior que todas, porque lhes sobeja a malícia, que nas outras falta, e com ela trata cada qual de se acrescentar a si.

E como o homem de si nada tem de próprio, claro está que, se os acrescenta, muitos hão de ser alheios”.








ANÔNIMO. A Arte de Furtar. 3ª. Ed. Lisboa: Editorial Estampa, 1978.

Sobre A Arte de Furtar clique
http://pt.wikipedia.org/wiki/Arte_de_Furtar

Sobre Manuel da Costa clique
http://pt.wikipedia.org/wiki/Manuel_da_Costa

Um comentário:

Anna Flávia disse...

Taí uma verdade.

Beijo!