sábado, 28 de junho de 2008
JEAN GENET
Jean Genet
Em
Diário de um Ladrão
“Dou o nome de violência a uma audácia em repouso apaixonada pelo perigo.
Pode ser percebida num olhar, num andar, num sorriso, e é dentro de nós que ela produz redemoinhos.
Ela nos desmonta.
Essa violência é uma calma que nos agita”.
“A cultura das feridas, pelos mendigos, para eles é também o meio de ter um pouco de dinheiro – para viver –, mas se foram levados a isso por uma fraqueza na miséria, o orgulho que é preciso para sustentar-se fora do desprezo é uma virtude viril: como uma rocha a um rio, o orgulho fura e divide o desprezo, arrebenta-o”.
“Falar do meu trabalho de escritor seria um pleonasmo”.
“Mais que os seus beicinhos, é o sorriso das crianças que me encanta.
Fico a contemplá-lo às vezes por muito tempo, fascinado.
Ele se torna uma coisa destacada do rosto, animado por uma alma particular.
Mais se parece com um animal precioso, de vida dura e todavia frágil, é uma quimera adorável.
Se eu conseguisse recorta-lo, tira-lo do rosto onde brinca, leva-lo no meu bolso, a sua ironia maliciosa me faria realizar prodígios.
Às vezes tento me enfeitar com ele – o que é um desejo de me proteger dele – mas é inútil.
Este sorriso é o verdadeiro ladrão”.
“Deus: o meu tribunal intimo.
A santidade: a união com Deus.
Dar-se-á quando cessar aquele tribunal, isto é, quando o juiz e o julgado estiverem confundidos.
O tribunal separa o bem e o mal. Pronuncia uma sentença, aplica uma pena.
Deixarei de ser o juiz e o réu”.
GENET, Jean. Diário de um Ladrão. Tradução de Jacqueline Laurence e Roberto Lacerda. Rio de Janeiro: Editora Rio Gráfica, 1986.
Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Jean_Genet
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