sexta-feira, 13 de junho de 2008

PAULO FREIRE



Paulo Freire
Em
Pedagogia do Oprimido





“Para haver desenvolvimento, é necessário:
1) Que haja um movimento de busca, de criatividade, que tenha no ser mesmo que o faz, o seu ponto de decisão;
2) Que esse movimento se dê não só no espaço, mas no tempo próprio do ser, do qual tenha consciência.


Daí que, se todo desenvolvimento é transformação, nem toda transformação é desenvolvimento.


A transformação que se processa no ser de uma semente que, em condições favoráveis germina e nasce, não é desenvolvimento.
Do mesmo modo, a transformação do ser de um animal não é desenvolvimento.
Ambos se transformam determinados pela espécie a que pertencem e num tempo que não lhes pertence, pois que é tempo dos homens.


Estes, entre os seres inconclusos, são os únicos que se desenvolvem.
Como seres históricos, como “seres para si”, autográficos, sua transformação, que é desenvolvimento, se dá no tempo que é seu, nunca fora dele.


Esta é a razão pela qual, submetidos a condições concretas de opressão em que se alienam, transformados em “seres para outro” do falso “ser para si” de quem dependem, os homens também já não se desenvolvem autenticamente.
É que, assim roubados na sua decisão, que se encontra no ser dominador, seguem suas prescrições.


Os oprimidos só começam a desenvolver-se quando, superando a contradição em que se acham, se fazem “seres para si”.




FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 6ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978.

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Paulo_Freire

Um comentário:

Carol Rocha disse...

"Se todo desenvolvimento é transformação, nem toda transformação é desenvolvimento."

Genial isso!