quinta-feira, 26 de junho de 2008

SÊNECA (3)



Sêneca
Em
Da Tranqüilidade da Alma





XV

“Mas não adianta nada ter eliminado as causas da tristeza pessoal, pois algumas vezes acontece que um desgosto pelo gênero humano se apossa de nós, quando percebemos quão grande é a quantidade de crimes felizes; quando refletimos até que ponto é rara a retidão e desconhecida a inocência e a sinceridade, desde que ela não convenha; quando notamos os lucros e as dissipações da paixão desregrada, igualmente odiados, e a ambição que vai além de seus próprios limites, a ponto de procurar seu esplendor através da baixeza.

Então mergulha o espírito em noite escura; e destas virtudes assim transformadas, que em ninguém se espera ver, nem são de utilidade alguma para quem as tem, se originam densas trevas,

Assim devemos aplicar-nos a não considerar odiosos, mas ridículos, os vícios dos homens e a imitar Demócrito antes que Heráclito: este não podia aparecer em público sem chorar, o outro sem rir; um não via a não ser a miséria em todas as ações dos homens, o outro só tolices.

Aceitemos, pois, todas as coisas superficialmente e suportemos com bom humor; pois está mais em conformidade com a natureza humana, rir-se da existência do que lamentar-se dela”.





SÊNECA, Lúcio Aneu. Obras. Tradução de G. D. Leoni. São Paulo: Atena Editora, 1955.

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9neca

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