segunda-feira, 25 de agosto de 2008
FREUD (2)
Sigmund Freud
Em
O Futuro de uma ilusão
“A civilização humana, expressão pela qual quero significar tudo aquilo em que a vida humana se elevou acima de sua condição animal e difere da vida dos animais – e desprezo ter que distinguir entre cultura e civilização –, apresenta, como sabemos, dois aspectos ao observador.
Por um lado, inclui todo o conhecimento e capacidade que o homem adquiriu com o fim de controlar as forças da natureza e extrair a riqueza desta para a satisfação das necessidades humanas; por outro, inclui todos os regulamentos necessários para ajustar as relações dos homens uns com os outros e, especialmente, a distribuição da riqueza disponível.
As duas tendências da civilização não são independentes uma da outra; em primeiro lugar, porque as relações mútuas dos homens são profundamente influenciadas pela quantidade de satisfação instintual que a riqueza existente torna possível; em segundo, porque, individualmente, um homem pode, ele próprio, vir a funcionar como riqueza em relação a outro homem, na medida em que a outra pessoa faz uso de sua capacidade de trabalho ou o escolha como objeto sexual; em terceiro, ademais, porque todo indivíduo é virtualmente inimigo da civilização, embora se suponha que esta constitui um objeto de interesse humano universal.
É digno de nota que, por pouco que os homens sejam capazes de existir isoladamente, sintam, não obstante, como um pesado fardo os sacrifícios que a civilização deles espera, a fim de tornar possível a vida comunitária.
A civilização, portanto, tem de ser defendida contra o indivíduo, e seus regulamentos, instituições e ordem dirigem-se a essa tarefa”.
“Fica-se assim com a impressão de que a civilização é algo que foi imposto a uma maioria resistente por uma minoria que compreendeu como obter a posse dos meios de poder e coerção”.
FREUD, Sigmund. O Futuro de uma ilusão. Tradução de José Octávio de Aguiar Abreu. Revisão técnica de Walderedo Ismael de Oliveira. In.__________Freud. Seleção de textos de Jayme Salomão. São Paulo: Abril Cultural, 1978. (Os pensadores).
Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Sigmund_Freud
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Um comentário:
Um verdadeiro dilema. Ser indivíduo ou anular essa vontade em nome do colectivo... as situações em que nos confrontamos com essa questão são tantas e de tão variada natureza que poderemos pensar não ser natural viver em sociedade, em cidades tão grandes, com tanta gente. Para sobrevivermos nesse meio precisamos ser qualquer coisa parecida com formigas ou outro tipo de insectos. Precisamos de seguir o carreiro e juntar os bens necessários para o Inverno da nossa sobrevivência.
Obrigado pela visita e palavras de apoio no 100 Cabeças. Isso prova que somos mais do que formigas!
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