sábado, 27 de dezembro de 2008

HERMANN HESSE



Hermann Hesse
Em
Sidarta.








“– Dize-me se o rio também te comunicou o misterioso fato de que o tempo não existe? – perguntou-lhe Sidarta certa feita.

O rosto de Vasudeva iluminou-se num vasto sorriso.

– Sim, Sidata – respondeu. – Acho que te referes ao fato de que o rio se encontra ao mesmo tempo em toda a parte, na fonte tanto como na foz, nas cataratas e na balsa, nos estreitos, no mar e na serra, em toda a parte, ao mesmo tempo; de que para ele há apenas o presente, mas nenhuma sombra de passado, nem de futuro.
Não é isso que queres dizer?

– Isso mesmo – tornou Sidarta. – E quando me veio essa percepção, contemplei a minha vida, e ela também era um rio.
O menino Sidarta não estava separado do homem Sidarta e do ancião Sidarta, a não ser por sombras, porém nunca por realidades.
Nem tampouco eram passado os nascimentos anteriores de Sidarta, como não fazia parte do porvir a sua morte, com o retorno ao Brama.
Nada foi, tudo é, tudo tem existência presente.

Sidarta falava com entusiasmo, sentindo profunda felicidade em face dessa iluminação.
Ah, sim! Todo o sofrimento pertencia ao tempo, da mesma forma que todos os receios e tormentos com que as pessoas se afligiam a si próprias”.






HESSE, Hermann. Sidarta – Um poema indiano. Tradução de Herbert Caro. Ilustrações de Hans Ernie. Rio de Janeiro: Editora Delta, 1966.

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Hermann_Hesse

2 comentários:

Anna Flávia disse...

é isso aí. e só temos o presente...
beijos!!

denise bottmann disse...

que bonito!
hesse tem alguém à altura em herbert caro.

feliz 2009!

abraço
denise