sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

JEAN BAUDRILLARD (2)



Jean Baudrillard
Em
Cool Memories II.







“O problema atual da classe política é que não se trata mais de governar, mas de manter uma alucinação do poder, o que exige talentos muito particulares.
Produzir o poder como ilusão, é como fazer malabarismos com capitais flutuantes, é como dançar frente a um espelho.

E se não há mais poder, é que toda a sociedade passou para o lado da servidão voluntária.
Essa figura misteriosa sobre a qual nos interrogamos desde o século XVI, agora não é mais um mistério, já que se tornou a regra geral.
Mas de uma forma estranha: não mais como vontade de ser servo de sua própria vontade.
Intimados a querer, poder, saber, agir, vencer, todos nos dobramos a tudo isso, e os desígnios do político foram totalmente bem sucedidos: cada um de nós se transformou num sistema subjugado, auto-subjugado, tendo investido toda sua liberdade na vontade louca de tirar o máximo de si mesmo.

Mas então o poder não faz mais sentido, já que não se necessita dele para perpetrar essa forma misteriosa que é a servidão voluntária.
A partir do momento onde o poder não é mais a hipóstase, a transfiguração da servidão e que esta seja perfeitamente difusa pela sociedade, então só resta perecer como uma função inútil”.







BAUDRILLARD, Jean. Cool Memorie II. Crônicas 1987 – 1990. Tradução de Angel Bojadsen. São Paulo: Estação Liberdade, 1996.

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Jean_Baudrillard

Um comentário:

Sei que existes disse...

Boa definição!
Bejo grande