sábado, 13 de dezembro de 2008

RAINER MARIA RILKE (2)



Rainer Maria Rilke
Em
Cartas a um poeta.







“Uma só coisa é necessária: a solidão, a grande solidão interior.

Caminhar em si próprio e, durante horas, não encontrar ninguém – é a isto que é preciso chegar.

Estar só – como a criança está só quando as pessoas crescidas se agitam, ocupadas com coisas que lhe parecem grandes e importantes pelo simples fato de preocuparem os adultos e ela nada compreender do que estes fazem.

No dia em que percebemos que essas preocupações são áridas e mesquinhas, essas ocupações sem relação real com a vida, como não continuar a considerá-las uma coisa estranha, tal como a criança do âmago do seu mundo, do fundo de sua grande solidão, que é, afinal, trabalho, aprendizagem, conhecimento?

Para que substituir o sensato “não-compreender” da criança por luta e desespero, se não compreender é aceitar a solidão, – se lutar e desprezar são duas formas de tomar parte nas próprias coisas que desejamos ignorar?

Aplique, caro senhor, os seus pensamentos ao mundo que traz dentro de si e dê o nome que entender a esses pensamentos.

Mas, quer se trate de recordações de sua infância ou da necessidade apaixonada de se realizar, concentre-se sobre tudo o que germinar em si, dando-lhe a primazia sobre tudo o que germinar em si, dando-lhe a primazia sobre tudo o que observou à sua volta.

Os seus acontecimentos interiores merecem todo o seu amor”.








RILKE, Rainer Maria. Cartas a um poeta. Tradução de Fernanda de Castro. Lisboa: Portugália Editora, s/data.

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Rainer_Maria_Rilke

3 comentários:

Anônimo disse...

James,

bons textos, bons "rabiscos" e parabéns pelo link da radio do Valter!

Forte abraço

Sei que existes disse...

"Os seus acontecimentos interiores merecem todo o seu amor". Concordo totalmente!
Beijo grande

L.Reis disse...

Chegar aqui e encontrar Rilke é daquelas surpresas que me remete para um dos autores que mais me fascinaram. O primeiro livro que li de Rilke foi "Cartas a um Jovem Poeta" e, desde então, nunca mais o larguei.