Jean Paul Sartre
Em
Náusea.
“Eis o que pensei: para o acontecimento mais banal se tornar uma aventura, é preciso, e é bastante, que nos ponhamos a contá-lo.
É o que engana as pessoas: um homem é sempre um narrador de histórias: vive cercado das suas histórias e das de outrem, vê tudo quanto lhe sucede através delas; e procura viver a sua vida como se estivesse a contá-la”.
“Decididamente, o sentimento da aventura não vem dos acontecimentos: a prova está tirada.
É antes a maneira como os instantes se encadeiam.
Eis, creio eu, o que se passa: bruscamente sente-se que o tempo corre, que cada instante conduz a outro instante, esse outro a um terceiro, e assim sucessivamente; que todos os instantes se aniquilam, que é inútil tentar reter algum, etc., etc.
E então atribui-se essa propriedade aos acontecimentos que nos aparecem dentro dos instantes; o que pertence à forma é transladado para o conteúdo.
Em suma, esse famoso correr do tempo, fala-se muito dele, mas quase não se vê”.
“O essencial é a contingência.
Quero dizer que, por definição, a existência não é a necessidade.
Existir é estar presente, simplesmente; os existentes aparecem, deixam que os encontremos, mas nunca se podem deduzir.
Há pessoas, creio eu, que perceberam isso.
Somente, tentaram dominar essa contingência inventando um ser necessário e causa de si próprio.
Ora, nenhum ser necessário pode explicar a existência: a contingência não é uma ilusão de ótica, uma aparência que se possa dissipar; é o absoluto, por conseguinte a gratuidade perfeita”.
SARTRE, Jean-Paul. A Náusea. Tradução de Antonio Coimbra Martins. Mem Martins: Publicações Europa-America, s/data. Disponível em: http://blogdocafil.wordpress.com/2009/04/14/poesia-e-literatura/jean-paul-satre-nausea-doc-livro-completo/
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