sexta-feira, 18 de setembro de 2009

ZEFERINO BRASIL



ZELOS
(Zeferino Brasil)




De leve, beijo as suas mãos pequenas,
Alvas, de neve, e, logo, um doce, um breve,
Fino rubor lhe tinge a face, apenas
De leve beijo as suas mãos de neve.

Ela vive entre lírios e açucenas,
E o vento a beija, e, como o vento, deve
Ser o meu beijo em suas mãos serenas,
– Tão leve o beijo, como o vento é leve...

Que essa divina flor, que é tão suave,
Ama o que é leve, como um leve adejo
De vento ou como um garganteio de ave,

E já me basta, para o meu tormento,
Saber que o vento a beija, e que o meu beijo
Nunca será tão leve como o vento...












BANDEIRA, Manuel. Antologia dos poetas brasileiros - Fase parnasiana. Rio de Janeiro: Edições de Ouro, 1967.

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