quinta-feira, 8 de outubro de 2009

ANTERO DE QUENTAL (5)



Antero de Quental
Em
Bom Senso e Bom Gosto, carta ao Exmo. Sr. Antônio Feliciano de Castilho.

(adaptação livre para grafia moderna)





“O contrário disto tudo é que é a bela, a imensa missão do escritor.

É um sacerdócio, um ofício público e religioso de guarda incorruptível das idéias, dos sentimentos, dos costumes, das obras e das palavras.

Para isso toda a altura, toda a nobreza interior são pouco ainda.

Para isso toda a independência de espírito, toda a despreocupação de vaidades, toda a liberdade de jugos impostos, de mestres, de autoridades, nunca será demais.

O mineiro quer os braços soltos para cavar buscando o ouro entre as areias grossas.

O piloto quer os olhos desvendados para ler nos astros o caminho da nau por entre as ondas incertas.

O sacerdote quer o coração limpo de paixões, de interesses, para aconselhar, guiar, julgar, imparcial e justo.

O escritor quer o espírito livre de jugos, o pensamento livre de preconceitos e respeitos inúteis, o coração livre de vaidades, incorruptível e intemerato.

Só assim serão grandes e fecundas as suas obras: só assim merecerá o lugar de censor entre os homens, porque o terá alcançado, não pelo favor das turbas inconstantes e injustas, ou pelo patronato degradante dos grandes e ilustres, mas elevando-se naturalmente sobre todos pela ciência, pelo paciente estudo de si e dos outros, pela limpeza interior d’uma alma que só vê e busca o bem, o belo, o verdadeiro”.







QUENTAL, Antero de. Bom Senso e Bom Gosto, carta ao Exmo. Sr. Antônio Feliciano de Castilho. Disponível AQUI!

Sobre Antero de Quental clique no linque abaixo:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Antero_de_Quental

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