sexta-feira, 10 de setembro de 2010
AGOSTINHO DE HIPONA (3)
Agostinho de Hipona
Em
Imortalidade da Alma.
Agostinho: Cremos que Deus estará presente em nosso auxílio.
Razão: Certamente creremos, se isto estiver em nosso poder.
A. Ele mesmo é nosso poder.
R. Então, quando puderes, faze uma oração muito breve e perfeita.
A. Deus sempre o mesmo: que eu me conheça a mim mesmo; que eu te conheça. Pronto: já rezei.
R. Tu, que queres conhecer-te a ti mesmo, sabes que existes?
A. Sei.
R. De onde sabes?
A. Não sei.
R. Sentes-te como um ser simples ou múltiplo?
A. Não sei.
R. Sabes que te moves?
A. Não sei.
R. Sabes que te pensas?
A. Sei.
R. Portanto, é verdade que pensas.
A. Sim.
R. Sabes que és imortal?
A. Não sei.
R. Dentre todas as coisas que disseste ignorar, qual preferes saber por primeiro/
A. Se sou imortal.
R. Portanto, gostas de viver?
A. Confesso que sim.
R. E será o bastante para ti vires a saber que és imortal?
A. Será uma grande coisa, mas certamente pouco para mim.
R. Mas, mesmo que seja pouco, até que ponto te alegrarás?
A. Muito.
R.E já não chorarás?
A. Absolutamente não.
R. Mas se chegarmos à conclusão de que a própria vida é tal que nela não possas conhecer nada mais além do que já sabes, refrearás as lágrimas?
A. Ao contrário, sentirei tanto ao ponto que a vida já nada mais valerá.
R. Então não gostas de viver por viver, em si, mas em função do saber.
A. Concordo com tua conclusão.
R. E se o próprio conhecimento das coisas te tornar infeliz?
A. Creio com certeza que isso não pode ocorrer de modo algum.
Mas se for assim, então ninguém pode ser feliz; pois não há outra razão por que agora sou infeliz senão a ignorância das coisas.
Então se o conhecimento das coisas torna alguém infeliz, a infelicidade é eterna.
R. Já percebo tudo que desejas: uma vez que crês que ninguém se torna infeliz pelo conhecimento, é provável que a inteligência torna alguém feliz.
Mas ninguém é feliz a não ser vivendo e ninguém vive se não existir.
Tu queres existir, viver e entender, mas existir para viver e viver para entender.
Portanto, sabes que existes, sabes que vives, sabes que entendes.
No entanto, desejas saber se estas coisas subsistirão para sempre, ou se nada subsistirá, ou se alguma dessas coisas permanecerá e alguma outra perecerá ou, se todas essas coisas permanecerão, se elas possam ser diminuídas ou aumentadas.
A. Isso mesmo.
R. Portanto, se provarmos que haveremos de viver para sempre, seguir-se-á também que seremos para sempre.
A. Esta é a conclusão.
R. Resta investigar sobre o entendimento.
SANTO AGOSTINHO. Solilóquios e A Vida Feliz. Solilóquio tradução, introdução e notas Adaury Fiorotti. A Vida Feliz tradução Nair de Assis Oliveira. São Paulo: Paulus, 1998. Disponível em: http://temqueler.files.wordpress.com/2009/12/santo-agostinho-soliloquios-a-vida-feliz.pdf
Sobre Agostinho de Hipona clique
http://pt.wikipedia.org/wiki/Agostinho_de_Hipona
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