Mircea Eliade
Em
O sagrado e o profano.
“O que caracteriza as sociedades tradicionais é a oposição que elas subentendem entre o território habitado e o espaço desconhecido e indeterminado que o cerca; o primeiro é o “mundo”, mais precisamente “o nosso mundo”, o Cosmos; o restante já não é um Cosmos, mas uma espécie de “outro mundo”, um espaço estrangeiro, caótico, povoado de espectros, demônios, “estranhos” (equiparados, aliás, aos demônios e as almas dos mortos).
À primeira vista, essa ruptura no espaço parece conseqüência da oposição entre um território habitado e organizado, portanto “cosmizado”, e o espaço desconhecido que se estende para além de suas fronteiras; tem-se de um lado um “Cosmos” e de outro um “Caos”.
Mas é preciso observar que, se todo território habitado é um “Cosmos”, é justamente porque foi consagrado previamente, porque, de um modo ou outro, esse território é obra dos deuses ou está em comunicação com o mundo deles”.
“É interessante notar que o homem religioso assume uma humanidade que tem um modelo trans-humano, transcendente.
Ele só se reconhece verdadeiramente homem quando imita os deuses, os Heróis civilizadores ou os Antepassados míticos.
Em resumo, o homem religioso se quer diferente do que ele acha que é no plano de sua existência profana.
O homem religioso não é dado; faz-se a si próprio ao aproximar-se dos modelos divinos”.
ELIADE, Mircea. O sagrado e o profano. Tradução de Rogério Fernandes. São Paulo: Martins Fontes, 1992.
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