quinta-feira, 30 de setembro de 2010

ALEXANDRE O'NEILL (2)



PRETEXTOS PARA FUGIR DO REAL
(Alexandre O’Neill)




A uma luz perigosa como água
De sonho e assalto
Subindo ao teu corpo real
Recordo-te
E és a mesma
Ternura quase impossível
De suportar
Por isso fecho os olhos

(O amor faz-me recuperar incessantemente o poder da provocação. É assim que te faço arder triunfalmente onde e quando quero. Basta-me fechar os olhos)

Por isso fecho os olhos
E convido a noite para a minha cama
Convido-a a tornar-se tocante
Familiar concreta
Como um corpo decifrado de mulher

E sob a forma desejada
A noite deita-se comigo
E é a tua ausência
Nua nos meus braços

Experimento um grito
Contra o teu silêncio

Experimento um silêncio

Entro e saio
De mãos pálidas nos bolsos

Assobio às pequenas esperanças
Que vêm lamber-me os dedos

Perco-me no teu retrato
Horas seguidas

E ao trote do ciúme deito contas
Deito contas à vida.






Poesia Surrealista Portuguesa. Disponível em:
http://www.scribd.com/doc/14543657/Poesia-Surrealista-Portuguesa

Sobre Alexandre O’Neill clique
http://pt.wikipedia.org/wiki/Alexandre_O'Neill

Nenhum comentário: